A qualidade da cadeia produtiva de uma organização está associada à velocidade com que a empresa é capaz de crescer. Em qualquer empresa, independente do segmento em que atue, os fornecedores possuem um papel de destaque no pleno funcionamento da cadeia produtiva, uma vez que nenhum crescimento ou desenvolvimento é sustentável sem um bom relacionamento com os fornecedores.
São eles que garantem a disponibilidade de matéria-prima, prestação de serviços essenciais e, consequentemente, permitem que a empresa possa focar no core business e estruturar um crescimento sustentável no médio e longo prazo.
Em todas as companhias, a gestão de fornecedores é um desafio. Mais que uma atividade operacional, é uma tarefa estratégica. Quando executadas de forma eficiente, com base em diretrizes claras e alinhadas às normas da companhia, os processos terceirizados geram resultados cada vez mais expressivos.
Um bom Programa de Compliance pode contribuir positivamente em uma cadeia de suprimentos bem sucedida, ao assegurar a integridade e a competitividade das relações comerciais, através da implantação de boas práticas de relacionamento.
Portanto, a gestão de terceiros é algo que está além do time de compras, pois tangência a atuação do financeiro, do time de logística e da equipe de gestão de riscos.
Nesse sentido, não há dúvidas de que o time de compliance possui um papel fundamental na gestão dos prestadores de serviços de uma empresa. Isso porque, tomando como base a sua atuação preventiva, o time de compliance deverá realizar análise de risco prévia daquele determinado fornecedor, afastando, desta forma, possíveis exposições para a empresa, seja de caráter reputacional, jurídico, comercial ou financeiro.
Vale ressaltar que, os responsáveis por processos logísticos e pelo setor financeiro também possuem ampla interface com as empresas terceirizadas, na medida em que monitoram a integridade da relação ao longo da prestação de serviços daquele determinado fornecedor até o término da relação jurídica.
Esse monitoramento deve ser contínuo, pois, assim como o score financeiro do cliente pode variar ao longo do tempo, o risco reputacional também poderá sofrer modificações com o decorrer do tempo e do contexto sócio-político.
Ademais, a relação com terceiros precisa ser conduzida com cautela e sincronia entre os setores envolvidos, afastando, desta forma, eventuais contratempos na comunicação ou troca de informações e, por consequência, prejuízos nos serviços prestados. Cumpre salientar, ainda, que é de suma importância respeitar e cumprir os processos e as boas práticas estabelecidas, pois, diferentemente do que acontece com os colaboradores que vivenciam a cultura organizacional no dia a dia, os fornecedores precisam de acompanhamento próximo e contínuo para conhecer e assimilar a dinâmica e a cultura corporativa da empresa para qual prestam serviços ou fornecem insumos.
Portanto, o monitoramento do desempenho de agentes externos é multidisciplinar e deve estar alinhada entre os diversos setores da empresa, de forma próxima e coerente, preservando a transparência dos fluxos de trabalho e garantindo que todos os envolvidos estejam cientes de suas responsabilidades. Nesse sentido, cabe às lideranças a incumbência de formatar o fluxo ideal de atividades e assegurar o cumprimento de cada uma delas com coerência e assertividade.
Por fim, não restam dúvidas de que um programa de integridade plenamente implantado, com políticas e procedimentos de monitoramento bem definidos, aliados a comunicação contínua, clara e direta, são elementos essenciais para relacionamentos éticos e produtivos com fornecedores. Isso porque, em sistemas saudáveis e coordenados, os agentes cumprem com as suas atribuições, ao mesmo tempo em que estão alinhados com o resultado e os interesses da empresa.
Por Isabelle Martins. E-mail: empresarial@mellopimentel.com.br