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20 | Mai

AS PRÁTICAS MARCÁRIAS NO METAVERSO

O cenário marcário no ambiente da sociedade virtual do Metaverso.

AS PRÁTICAS MARCÁRIAS NO METAVERSO

Inicialmente, a ideia de Metaverso foi pensada pelo autor de ficção científica Neal Stephenson, mas só ganhou força no ano passado, após o Facebook anunciar a mudança da sua marca para Meta, como clara referência ao novo universo digital, além da criação de um mundo virtual próprio.

O próprio Facebook define o conceito de Metaverso como “um conjunto de espaços virtuais onde o usuário pode criar e explorar com outras pessoas que não estão no mesmo espaço físico”. Dessa maneira, atividades como conversar com amigos, fazer compras e participar de eventos, inclusive shows musicais, são realizados em formato inovador para um grande número de pessoas.

De fato, o Metaverso não é algo tangível, mas uma ferramenta criada com a intenção de proporcionar a sensação de realidade por meio da imersão do usuário em uma estrutura construída com base no mundo real, constituído pela soma da realidade virtual, realidade aumentada e a própria internet.

Nesse sentido, a contínua transição das relações pessoais e profissionais para o mundo virtual fomenta a necessidade da proteção legal sobre a marca nesse “mundo paralelo” do Metaverso. A Renner, por exemplo, inaugurou uma loja dentro do jogo Fortnite e, como ativação final da ação de marketing, convidou o público que estava presente virtualmente para realizar a votação das estampas que seriam comercializadas na loja física.

Outrossim, marcas de luxo como Balenciaga, Gucci e Burberry também podem ser encontradas no Fortnite, fator que demonstra como as marcas estão se posicionando cada vez mais no mundo virtual.

No Brasil, estima-se que 5 milhões de brasileiros já convivam no Metaverso, principalmente nas plataformas de games online, tais como o Minecraft ou o Fortnite. Esses números representam uma quantidade de público atraente para as marcas, visto que agora elas têm a possibilidade de atingir um alcance no mundo virtual que seria quase impossível de ser atingido no mundo real. Portanto, compreende-se a potência do mundo digital, especialmente do Metaverso, como ferramenta de impulsionamento de marketing para o negócio.

Ademais, por meio de ações no ambiente virtual, como no caso da Renner, as marcas encontram a possibilidade de transformar espectadores passivos em participantes ou até consumidores ativos, criando neles sentimentos de identificação e propriedade com a marca que surgem no ambiente virtual e reverberam também no mundo real.

Outro fator interessante acerca do Metaverso, é que a entrada de grandes marcas ou negócios nessa modalidade de ambiente virtual também estimula os investimentos ligados ao mundo virtual. De acordo com o Crunchbase, apenas no quarto trimestre de 2021, mais de 1,9 bilhões de dólares em investimentos em capital de risco foram alocados para startups de realidade virtual e aumentada. Ademais, com base em pesquisas do Statista, o mercado atrelado ao Metaverso pode crescer mais de 20% em 2022, antes de disparar 1.300% até 2030.

Ante todo o exposto, considerando a relevância comercial do posicionamento das marcas no Metaverso, fica evidente a importância de garantir o registro da marca que englobe a proteção para o seu uso exclusivo pelo titular no ambiente virtual do Metaverso. Nesse sentido, ressaltamos que, até o momento, não há especificação adequada prevista na Classificação de Nice (NCL) para o caso específico do Metaverso, de modo que aqueles que desejem garantir o uso exclusivo da sua marca nesse tipo de mundo virtual devem utilizar o campo “especificação livre” para registro do conjunto marcário.

 

Por Julia de la Vega, Giovana Jardelino e Helen Figueiredo. E-mail: inovacao@mellopimentel.com.br